Recursos para a Transformação

A ideia de olharmos para dentro e nos virarmos do avesso, de procurarmos novos significados para velhos sentimentos, novas perspectivas para hábitos antigos e de nos desnudarmos e vulnerabilizarmos perante um olhar alheio é uma ideia aterradora e desconcertante para muitos e difícil de compreender como isso pode ajudar as nossas vidas. Acredito que é importante desmistificar algumas ideias e “pré-conceitos” acerca do que é a psicoterapia e como ela nos pode ajudar.

Reza o mito de que Dâmocles era amigo do Rei Dionísio de Siracusa, na Sicília, e gabava muito a riqueza e o poder do rei e então o rei decidiu-lhe pregar uma partida e convidou-o a trocar de lugar consigo durante um dia e a certa altura, a meio de um faustoso repasto, o rei solicitou que Dâmocles desviasse o seu olhar para cima, e foi aí que Dâmocles se apercebeu que sobre a sua cabeça estava uma espada presa por um fio de cabelo e então o Rei disse-lhe que, apesar de ele considerar que o poder que ele detinha era enorme, a qualquer momento a espada podia cair-lhe sobre os seus olhos.

A vulnerabilidade está inerente à vida, o mundo é vulnerável, a condição humana é vulnerável. No entanto, todos temos medo e vergonha de sermos avaliados como frágeis e vulneráveis, porque isso rotula-nos como fracos e incapazes, daí que lutamos por defender uma imagem social baseada naquilo que achamos que os outros querem ver.

Corria pelo paredão de Oeiras, ziguezagueando por entre a multidão, que circulava em patins, bicicleta, skate, caminhando ou através de uma nova quantidade de veículos de rodas que eu desconheço o nome, num fim de tarde relativamente quente, quando por entre a cacofonia de vozes que se cruzavam, escutei uma voz firme, que rapidamente percebi que era de um pai gritando para a sua filha, que tinha acabado de assentar o seu rabo no chão de forma aparatosa, numa pequena queda, aparentemente com poucas consequências, gritando de forma firme: -"Não Chores!"

Parei para me escutar. Espero que a alma me responda, mas ela parece ausente. Fico constrangido com o silêncio e com essa sensação estranha de não a encontrar. Sei que ela anda por aí, perdida por entre as vielas e lugares comuns, por entre a monotonia dos dias e a escassez dos afetos, mas ela trocou-me as voltas e desapareceu sem me avisar.

Chegou a uma fase da sua vida que gostaria de se reinventar e procurar alterar padrões e respostas comportamentais com as quais já não se sente confortável e com os quais já não se revê? Sente que merece mais da vida e que você também pode dar mais à vida? Ainda que o caminho não seja fácil, apresento-lhe sete ideias que o ajudarão a trilhar o caminho do desenvolvimento pessoal rumo a uma vida com mais sentido e significado.

Durante décadas fui um consumidor ávido de livros de auto-ajuda, no entanto sempre fugi a sete pés de ser visto como um potencial membro da tribo, tentando no meu discurso fazer diversas ressalvas e apresentando os meus pontos de vista sustentado em investigações nas áreas das ciências sociais, nomeadamente a psicologia, a neurociência e outras áreas afins, com o intuito de me distanciar de abordagens demasiado simplistas, fáceis e rápidas de implementar e com resultados imediatos, estilo dez passos para ser feliz.

Num processo psicoterapêutico, os sentimentos e as emoções, a componente somática, são preponderantes na transformação pessoal, ainda que a racionalidade seja importante para estruturar as emoções, a compreensão, o conhecimento e a gestão das emoções são determinantes para um processo de crescimento pessoal.

Estes tempos de pandemia têm ativado em todos nós uma resposta automática do medo e gerado muita ansiedade. A proximidade com a morte, o desconhecimento sobre o que poderá acontecer, o distanciamento social, as mudanças nas rotinas e hábitos pessoais e profissionais, todos estes fatores conjugados têm constituído um cocktail explosivo e ativado o mecanismo de defesa típico quando lidamos com o perigo: o medo.